“Era Ega Racista?” Orientação para a Interpretação dum Parágrafo d’Os Maias (1888), de Eça de Queirós, em Massachusetts
Published 2023-07-13
Copyright (c) 2023 VIKTOR MENDES, VANUSA VERA-CRUZ LIMA

This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Abstract
RESUMO: A interpretação das opiniões da personagem emblemática e excêntrica João da Ega do romance canónico queirosiano Os Maias resultou em respostas muito diversas e complexas à palestra pública de Vanusa Vera-Cruz Lima, intitulada “Is Eça de Queirós’s The Maias (1888) a Racist Novel?”, a 18 de fevereiro de 2021, via Zoom. Ega toca em feridas históricas e cria espanto devido às suas posições liberais e revolucionárias na sociedade lisboeta da segunda metade do século XIX. Em relação à questão racial, Ega não é tão progressista como noutros dos seus tópicos de controvérsia. Pouco se pode estranhar a subsequente e pertinente pergunta de um estudante de licenciatura da Universidade de Massachusetts Dartmouth: “Era Ega racista?” Tomando esta pergunta como de pesquisa (research question) e no quadro da imprescindível liberdade académica, este artigo oferece orientações preliminares para o prosseguimento da análise racial ao clássico Os Maias, rebatendo objeções a esta abordagem interpretativa, através, por exemplo, do contexto histórico e da ironia.
PALAVRAS-CHAVE: Eça de Queirós, Os Maias, análise racial, racismo, João da Ega, interpretação, ironia, contexto histórico
ABSTRACT: The interpretation of the views expressed by the emblematic and eccentric character João da Ega in Eça de Queirós’s canonical novel The Maias resulted in very diverse and complex responses to a public talk by Vanusa Vera-Cruz Lima, entitled “Is Eça de Queirós’s The Maias (1888) a Racist Novel?,” which took place on February 18, 2021, on Zoom. Ega probes historical wounds and provokes amazement of late nineteenth-century Lisbon society with his liberal and revolutionary positions. On the racial issue, Ega is not as progressive as on other controversial topics he addresses. No wonder, then, that an undergraduate student at the University of Massachusetts Dartmouth could pose the following pertinent question: “Was Ega a racist?” Taking this query as a research question within the framework of indispensable academic freedom, this article offers preliminary guidelines for the development of racial analysis in the classic The Maias, rebutting objections to this hermeneutic approach that rely on notions such as, for example, the historical context and irony.
KEYWORDS: Eça de Queirós, The Maias, racial analysis, racism, João da Ega, interpretation, irony, historical context