Da ruína como discurso: Apontamentos sobre cinematografias pós-coloniais
Published 2022-08-17
Copyright (c) 2022 MIRIAN TAVARES
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Abstract
RESUMO: O cinema foi inventado na tarda-modernidade, engendrando um discurso, um aparelho, uma arquitetura e uma proposição. Para perceber o seu alcance, não pode ser retirado do contexto em que nasceu e nem se podem ignorar as implicações espácio-temporais que o visionamento dos filmes provocou nos seus contemporâneos. De que maneira, então, os realizadores dos países africanos de língua portuguesa constroem um discurso próprio, dentro de um dispositivo herdado do período colonial? Como colabora o cinema no processo de construção identitária? De que maneira alguns cineastas habitam as ruínas do colonialismo? E como eles subvertem o conceito tradicional de ruínas, que se transforma num modelo de resistência ao novo, ao estrangeiro? Através da análise de alguns filmes de realizadores de Moçambique, Cabo Verde e Guiné-Bissau, procuro perceber as semelhanças e dissemelhanças do uso do dispositivo cinematográfico na construção de discursos audiovisuais no período pós-colonial.
PALAVRAS-CHAVE: cinema africano, ruínas, identidade, representação
ABSTRACT: Having been invented in the late modernity, cinema has engendered its own discourse, apparatus, architecture, and propositions. To acknowledge a film’s full scope, one must not neglect the context in which it was created; nor can one ignore the spacetime implications it has had for its contemporary spectators. In what manner have directors from African Portuguese-speaking countries constructed their own discourse within a device inherited from the colonial period? And how have they subverted the traditional concept of ruin, which has become a model of resistance to what is new, to what is foreign? How do some directors inhabit the ruins of colonialism? Through the analysis of some films from countries such as Mozambique, Cape Verde, and Guinea Bissau, I attempt to understand the similarities and dissimilarities in the use of cinematographic devices in the construction of audiovisual discourses in the postcolonial period.
KEYWORDS: African cinema, ruins, identity, representation