PLCS 36/37 (Fall 2021/Spring 2022)
Heritages of Portuguese Influence: Histories, Spaces, Texts, and Objects

Da ruína como discurso: Apontamentos sobre cinematografias pós-coloniais

DOI: https://doi.org/10.62791/59yttn53
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Published 2022-08-17

Abstract

RESUMO: O cinema foi inventado na tarda-modernidade, engendrando um discurso, um aparelho, uma arquitetura e uma proposição. Para perceber o seu alcance, não pode ser retirado  do  contexto  em  que  nasceu  e  nem  se  podem  ignorar  as  implicações  espácio-temporais que o visionamento dos filmes provocou nos seus contemporâneos. De que maneira,  então,  os  realizadores  dos  países  africanos  de  língua  portuguesa  constroem  um discurso próprio, dentro de um dispositivo herdado do período colonial? Como colabora o cinema no processo de construção identitária? De que maneira alguns cineastas habitam  as  ruínas  do  colonialismo?  E  como  eles  subvertem  o  conceito  tradicional  de  ruínas, que se transforma num modelo de resistência ao novo, ao estrangeiro? Através da análise de alguns filmes de realizadores de Moçambique, Cabo Verde e Guiné-Bissau, procuro perceber as semelhanças e dissemelhanças do uso do dispositivo cinematográfico na construção de discursos audiovisuais no período pós-colonial.

PALAVRAS-CHAVE: cinema africano, ruínas, identidade, representação

ABSTRACT: Having been invented in the late modernity, cinema has engendered its own discourse,  apparatus,  architecture,  and  propositions.  To  acknowledge  a  film’s  full  scope,  one must not neglect the context in which it was created; nor can one ignore the spacetime implications it has had for its contemporary spectators. In what manner have directors from African Portuguese-speaking countries constructed their own discourse within a device inherited from the colonial period? And how have they subverted the traditional concept of ruin, which has become a model of resistance to what is new, to what is foreign?  How  do  some  directors  inhabit  the  ruins  of  colonialism?  Through  the  analysis  of  some films from countries such as Mozambique, Cape Verde, and Guinea Bissau, I attempt to understand the similarities and dissimilarities in the use of cinematographic devices in the construction of audiovisual discourses in the postcolonial period.

KEYWORDS: African cinema, ruins, identity, representation