Heritage(s) of Portuguese Influence: History, Processes, and Aftereffects
Published 2022-08-17
Copyright (c) 2022 MIGUEL BANDEIRA JERÓNIMO, WALTER ROSSA
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Abstract
ABSTRACT: Portugal was a late decolonizer (1975). The “winds of change” had a delayed impact on Portuguese colonial territories. The authoritarian nature of empire and resilient forms of imperial nationalism fostered imperial permanence, and the transformative energies of global decolonization were mostly refused. Since the 1950s, a modernizing momentum occurred, transforming urban and rural colonial landscapes and multiplying infrastructures, from railways to ports, dams, and numerous public facilities. This momentum coexisted with the beginning of the colonial wars, from 1961 onward. The colonial attempts of heritagization were severely constrained by these factors. The same happened in the post-independence period, characterized by civil wars and politi-cal and economic disarray in most territories of former Portuguese Africa. Heritage discourses and policies hardly had space to emerge. Only in the 1990s were they embraced by governments, in a reticent manner and more in theory than in practice. This text addresses these issues, touching upon some examples and arguing that the study of the historical intersections between trajectories of decolonization, heritage discourses and repertoires, and international and local dynamics is crucial to a much-needed critical history of heritagization.
KEYWORDS: Portuguese decolonization, development, heritage, Africa
RESUMO: Portugal foi um descolonizador tardio (1975). Os “ventos da mudança” tiveram um impacto moroso nos territórios coloniais portugueses. A natureza autoritária do império e as formas resilientes de nacionalismo imperial promoveram a permanência imperial. As energias transformadoras da descolonização global foram maioritariamente recusadas. A partir da década de 1950 ocorre um impulso modernizador, transformando as paisagens coloniais, urbanas e rurais, e multiplicando as infraestruturas, desde ferrovias a portos, barragens e inúmeros equipamentos públicos. Esse ímpeto coexistiu com o início das guerras coloniais, desde 1961. As tentativas coloniais de patrimonialização foram severamente restringidas por esses fatores. O mesmo aconteceu no momento pós-independência, caracterizado, na maior parte dos territórios da ex-África portuguesa, por guerras civis e desordem política e económica. Discursos e políticas de património dificilmente tiveram espaço para emergir, e só na década de 1990 foram adotadas pelos governos, de forma reticente, mais na teoria do que na prática. Este texto trata dessas questões, abordando alguns exemplos e argumentando que o estudo das intersecções históricas entre trajetórias de descolonização, discursos e repertórios patrimoniais, e dinâmicas locais e internacionais, é crucial para uma muito necessária história crítica da patrimonialização.
PALAVRAS-CHAVE: descolonização portuguesa, desenvolvimento, património, África