PLCS 36/37 (Fall 2021/Spring 2022)
Heritages of Portuguese Influence: Histories, Spaces, Texts, and Objects

Heritage(s) of Portuguese Influence: History, Processes, and Aftereffects

DOI: https://doi.org/10.62791/b5bshh76
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Published 2022-08-17

Abstract

ABSTRACT: Portugal was a late decolonizer (1975). The “winds of change” had a delayed impact  on  Portuguese  colonial  territories.  The  authoritarian  nature  of  empire  and  resilient  forms  of  imperial  nationalism  fostered  imperial  permanence,  and  the  transformative energies of global decolonization were mostly refused. Since the 1950s, a modernizing  momentum  occurred,  transforming  urban  and  rural  colonial  landscapes  and  multiplying infrastructures, from railways to ports, dams, and numerous public facilities. This momentum coexisted with the beginning of the colonial wars, from 1961 onward. The colonial attempts of heritagization were severely constrained by these factors. The same happened in the post-independence period, characterized by civil wars and politi-cal and economic disarray in most territories of former Portuguese Africa. Heritage discourses and policies hardly had space to emerge. Only in the 1990s were they embraced by  governments,  in  a  reticent  manner  and  more  in  theory  than  in  practice.  This  text  addresses these issues, touching upon some examples and arguing that the study of the historical intersections between trajectories of decolonization, heritage discourses and repertoires,  and  international  and  local  dynamics  is  crucial  to  a  much-needed  critical  history of heritagization.

KEYWORDS: Portuguese decolonization, development, heritage, Africa

RESUMO: Portugal  foi  um  descolonizador  tardio  (1975).  Os  “ventos  da  mudança”  tiveram  um  impacto  moroso  nos  territórios  coloniais  portugueses.  A  natureza  autoritária  do império e as formas resilientes de nacionalismo imperial promoveram a permanência imperial. As energias transformadoras da descolonização global foram maioritariamente recusadas. A partir da década de 1950 ocorre um impulso modernizador, transformando  as  paisagens  coloniais,  urbanas  e  rurais,  e  multiplicando  as  infraestruturas,  desde  ferrovias  a  portos,  barragens  e  inúmeros  equipamentos  públicos.  Esse  ímpeto  coexistiu com o início das guerras coloniais, desde 1961. As tentativas coloniais de patrimonialização foram severamente restringidas por esses fatores. O mesmo aconteceu no momento pós-independência, caracterizado, na maior parte dos territórios da ex-África portuguesa, por guerras civis e desordem política e económica. Discursos e políticas de património  dificilmente  tiveram  espaço  para  emergir,  e  só  na  década  de  1990  foram  adotadas  pelos  governos,  de  forma  reticente,  mais  na  teoria  do  que  na  prática.  Este  texto trata dessas questões, abordando alguns exemplos e argumentando que o estudo das  intersecções  históricas  entre  trajetórias  de  descolonização,  discursos  e  repertórios  patrimoniais, e dinâmicas locais e internacionais, é crucial para uma muito necessária história crítica da patrimonialização.

PALAVRAS-CHAVE: descolonização portuguesa, desenvolvimento, património, África