A Diáspora como Base da Identidade Cabo-Verdiana em Ilhéu dos Pássaros, de Orlanda Amarílis, e Chiquinho, de Baltasar Lopes
Published 2021-06-29
Copyright (c) 2021 Diana Simões

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Abstract
RESUMO: As agrestes condições ambientais das ilhas do arquipélago de Cabo Verde dão o mote para a temática da emigração, justificada como escape a uma vida miserável de trabalho árduo, ameaçada pela fome. A identidade cabo-verdiana passa pela vivência dessa realidade, sem, no entanto, estar restrita aos limites geográficos do arquipélago. De acordo com a interpretação de Bradley Smith, ser cabo-verdiano é assumir uma identidade fundacionalmente diaspórica, caracterizada pelo hibridismo da mestiçagem e por uma condição de dupla consciência em reverso (subversão da tese de Paul Gilroy). Baltasar Lopes, em Chiquinho, e Orlanda Amarílis, em Ilhéu dos Pássaros, usam com mestria o mote da emigração, abrangendo diversas fases de desenvolvimento do país e consequentes mudanças de mentalidade, pelo que apresentam visões distintas das possibilidades diaspóricas para lá das ilhas. Será igualmente dado destaque à importância da língua na formação da identidade nacional, através da competição do crioulo cabo-verdiano não só com o português-padrão, em contexto de ascensão social nos regimes colonial e pós-colonial, mas também com outras línguas estrangeiras de utilidade em contexto diaspórico, como o inglês ou o francês.
PALAVRAS-CHAVE: Identidade, Emigração, Diáspora Cabo-Verdiana, Crioulo
ABSTRACT: The harsh environmental conditions of the Cape Verde islands introduce the theme of emigration as a justifiable escape from a miserable life of hard work, threatened by starvation. Cape-Verdean identity is built upon the experience of that reality, without being confined to the geographical borders of the archipelago. According to Bradley Smith’s definition, being Cape-Verdean means assuming a foundationally diasporic identity, characterized by hybrid miscegenation and by a feeling of double consciousness in reverse (subverting Paul Gilroy’s thesis). Baltasar Lopes, in Chiquinho, and Orlanda Amarílis, in Ilhéu dos Pássaros, skillfully use the motto of emigration in a broad sense, which encompasses different phases of country development and the mentality changes that follow, thus presenting distinct views of the diasporic possibilities beyond the islands. This article will also highlight the importance of language in the formation of national identity, through competition faced by creole against standard Portuguese (in the context of social mobility in colonial and post-colonial regimes) and other foreign languages, like English or French (useful in the diaspora).
KEYWORDS: Identity, Emigration, Cape-Verdean Diaspora, Creole