PLCS 30/31 (2017)
Transnational Africas

Black Women’s Bodies in the Portuguese Colonial Visual Archive (1900-1975)

DOI: https://doi.org/10.62791/sfgt5h76
Cover image of PLCS 30/31. Picture of a doorway in a stucco wall with a water view.

Published 2018-05-29

Abstract

ABSTRACT: The pervasiveness of images of black women’s unclothed bodies in the Portu-guese colonial visual archive from the late nineteenth century to the 1970s—in photographic postcards, propaganda leaflets, colonial exhibition ephemera or as illustrations in  newspapers—demonstrates  that  the  gendered  and  racialized  body  of  (unnamed)  women was a powerful trope of colonial hegemony. 
The Portuguese colonial context, similar to other colonial contexts, reveals the banal-ization  of  the  practice  of  white  men  photographing  black  colonized  women.  Is  resistance  or  participation  in  the  “event  of  photography”  possible  for  these  photographed  women? This article will discuss some of the issues and challenges of dealing with these images through specific case studies: postcards of semi-naked African women between the  ethnographic  and  the  erotic;  images  of  women  exhibited  in  colonial  exhibitions;  private photographs of Portuguese soldiers next to African women; but also the counter narratives to an hegemonic visuality.
Where are these images now? Where were they in the past? Who saw them and in what  contexts?  How  were  they  kept  and  classified?  How  were  they  reproduced?  Their  endless potential for reproduction, circulation and intermediality points to the heterogeneous nature of this legacy. How can we decolonize this visual archive? The question of  ethics,  one  which  scholars,  curators  and  archivists  have  been  debating  for  the  past  few  decades,  will  also  be  addressed.  Reproducing  and  exhibiting  images  of  abuse  and  exploitation might replicate what one seems to criticize. Are the university, the archive, the museum, or the academic journal critical enough to counteract the risks of perpetuating the violence?

KEYWORDS: Photography,  visual  culture,  colonialism,  images  of  black  women,  Portuguese colonial Africa 

RESUMO: A omnipresença de imagens de mulheres negras seminuas no arquivo visual do colonialismo português desde finais do século XIX até à década de 1970—em postais fotográficos, folhetos propagandísticos, publicações relacionadas com exposições coloniais  ou  ilustrações  em  jornais—demonstra  como  os  corpos  racializados  de  mulheres  (anónimas) foi um poderoso agente de hegemonia colonial.
O contexto colonial português, à semelhança de outros impérios, revela a banalização da prática de homens brancos, provenientes da metrópole, fotografarem mulheres africanas habitantes dos espaços colonizados. Este artigo discutirá alguns dos temas e desafios que se colocam perante estas imagens, através de estudos de caso específicos: postais de mulheres a sugerir uma fronteira ténue entre o etnográfico e o erótico; imagens de mulheres  expostas  em  exposições  coloniais;  fotografias  pessoais  de  soldados  portugueses  ao  lado de mulheres africanas; mas também as contra-narrativas a esta hegemonia visual. 
Onde estão hoje essas imagens? E onde estavam no passado? Quem é que as viu e em  que  contextos?  Como  é  que  foram  guardadas  e  classificadas?  Como  e  onde  foram  reproduzidas?  O  seu  potencial  infinito  de  reprodução,  circulação  e  intermedialidade  ajuda  a  explicar  a  heterogeneidade  deste  legado.  Como  é  que  podemos  descolonizar  este arquivo visual? As questões éticas—que têm sido debatidas por académicos, artistas, curadores e arquivistas nas últimas décadas—também serão exploradas. Reproduzir imagens  de  abuso  e  desigualdade  é  um  gesto  que  corre  o  risco  de  reforçar  aquilo  que  se quer abordar criticamente. Será que a universidade, o arquivo, o museu ou a revista académica são espaços suficientemente críticos para conter o risco de perpetuar, no presente, a violência do passado?

PLAVRAS-CHAVE: Fotografia,  cultura  visual,  colonialismo,  imagens  de  mulheres  negras,  África colonial Portuguesa