Black Women’s Bodies in the Portuguese Colonial Visual Archive (1900-1975)
Published 2018-05-29
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Abstract
ABSTRACT: The pervasiveness of images of black women’s unclothed bodies in the Portu-guese colonial visual archive from the late nineteenth century to the 1970s—in photographic postcards, propaganda leaflets, colonial exhibition ephemera or as illustrations in newspapers—demonstrates that the gendered and racialized body of (unnamed) women was a powerful trope of colonial hegemony.
The Portuguese colonial context, similar to other colonial contexts, reveals the banal-ization of the practice of white men photographing black colonized women. Is resistance or participation in the “event of photography” possible for these photographed women? This article will discuss some of the issues and challenges of dealing with these images through specific case studies: postcards of semi-naked African women between the ethnographic and the erotic; images of women exhibited in colonial exhibitions; private photographs of Portuguese soldiers next to African women; but also the counter narratives to an hegemonic visuality.
Where are these images now? Where were they in the past? Who saw them and in what contexts? How were they kept and classified? How were they reproduced? Their endless potential for reproduction, circulation and intermediality points to the heterogeneous nature of this legacy. How can we decolonize this visual archive? The question of ethics, one which scholars, curators and archivists have been debating for the past few decades, will also be addressed. Reproducing and exhibiting images of abuse and exploitation might replicate what one seems to criticize. Are the university, the archive, the museum, or the academic journal critical enough to counteract the risks of perpetuating the violence?
KEYWORDS: Photography, visual culture, colonialism, images of black women, Portuguese colonial Africa
RESUMO: A omnipresença de imagens de mulheres negras seminuas no arquivo visual do colonialismo português desde finais do século XIX até à década de 1970—em postais fotográficos, folhetos propagandísticos, publicações relacionadas com exposições coloniais ou ilustrações em jornais—demonstra como os corpos racializados de mulheres (anónimas) foi um poderoso agente de hegemonia colonial.
O contexto colonial português, à semelhança de outros impérios, revela a banalização da prática de homens brancos, provenientes da metrópole, fotografarem mulheres africanas habitantes dos espaços colonizados. Este artigo discutirá alguns dos temas e desafios que se colocam perante estas imagens, através de estudos de caso específicos: postais de mulheres a sugerir uma fronteira ténue entre o etnográfico e o erótico; imagens de mulheres expostas em exposições coloniais; fotografias pessoais de soldados portugueses ao lado de mulheres africanas; mas também as contra-narrativas a esta hegemonia visual.
Onde estão hoje essas imagens? E onde estavam no passado? Quem é que as viu e em que contextos? Como é que foram guardadas e classificadas? Como e onde foram reproduzidas? O seu potencial infinito de reprodução, circulação e intermedialidade ajuda a explicar a heterogeneidade deste legado. Como é que podemos descolonizar este arquivo visual? As questões éticas—que têm sido debatidas por académicos, artistas, curadores e arquivistas nas últimas décadas—também serão exploradas. Reproduzir imagens de abuso e desigualdade é um gesto que corre o risco de reforçar aquilo que se quer abordar criticamente. Será que a universidade, o arquivo, o museu ou a revista académica são espaços suficientemente críticos para conter o risco de perpetuar, no presente, a violência do passado?
PLAVRAS-CHAVE: Fotografia, cultura visual, colonialismo, imagens de mulheres negras, África colonial Portuguesa